segunda-feira, 21 de setembro de 2009

sonhado numa aula de cultura brasileira, no Rio de Janeiro (agosto, 2009)

Acordei com o meu "professor" iniciando a matéria do dia. "Professor" porque ele não tem formação de professor - portanto, é apenas um teórico com papel de professor. Cara, eu estava com MUITO sono. Embolei aquele casaquinho estrategicamente na carteira de canhotos e comecei a minha jornada ao mundo alfa.

No pátio. Eu não andava direito. Eu não... Eu estou... ai caralho... Tonto. Paralisado. Caralho! O que aconteceu comigo? Torto, não mexia a cabeça. Não via quem podia me ajudar. E esse sol infernal! Que rampa é essa? Porra, assim eu não consigo. Não vou conseguir. Aonde que eu vou? Alguém me ajuda! Alguém me ajuda! PORRA! ALGUÉM! Minha perna... é melhor ceder. É melhor cair. Assim alguém que eu tô fodido. Porra! ALGUÉM?

Ninguém. Mas quem é que está falando o tempo todo?

Gente, que sonho. Acordo na sala. Uma sala meio diferente da primeira. Gente, eu estava REALMENTE com sono. Minha amiga põe a minha mão nas coxas dela, quase que na xereca, pra ver meu estado.
- Dorme não, criatura...
- Porra, tucom celulite pra caralho, disse sonolento. Rindo, ela retrucou:
- Toda mulher é assim. Vai dizer que nunca pegou uma?
- Mulher?
- Não! Celulite.
- Não me deixa dormir de novo, por favor.
- Cara, vocêmal assim?, perguntou com certa indiferença. A aula tá acabando, espera um pouquinho.
- Não, tô mal mesmo. Sério. Me ajuda.
- Vamos pra fora.
Seu shortinho azul claro virara uma saia rodada amarela.
- Puta merda, tô sonhando de novo.
- Acorda, homem!
- Me belisca. Não consigo sozinho.

Com insistentes beliscões, me vejo imediatamente acordando na sala de aula com a minha amiga. E esse professor que não para de falar. Cara chato!
- Vamos tentar de novo dessa vez, homem?
- Vamos .

No momento em que cruzamos a porta, eu me retorno para vê-la. Precisava da prova de que aquilo era real. Não acreditei no que vi.

Sua saia rodada amarela ficava dourada, depois roxa, depois piscava em tons de vermelho, depois laranja, depois preto. A blusa crescia, ganhava mangas, virava saia, sempre combinando. Puta merda, e esse cara chato que não para de falar!
- Eu sonhei que desmaiava no pilotis, gente, o que está acontecendo comigo?
- Eu te belisco.

De novo acordo na sala de aula. Olho para ela. Ela, real, entra no meu sonho e é minha cúmplice da minha angústia. A aula parece estar acabando. Cara, que aula chata!
- Minha roupa não está mais mudando de cor.
- Como você... Ai, você é um sonho, de novo!
- Desculpa.
- Me belisca!
Vejo o mesmo professor, a mesma cadeira onde estou sentado e ela fica do meu lado. Paralisado, tonto, sonolento, quase hipnotizado, começo a contar:
- Cinco...
Estou desesperado! Eu preciso da realidade! Como eu não consigo acordar?
- ...de como a miscigenação se transformou...
Que cara chato, ele não para de falar!
- ...quatro...
Preciso acordar, eu tenho que ter esse poder sobre mim mesmo!
-...na problemática essencial da sociedade...
bom, professor, acaba e eu consigo!
- ...três...
Essa sala não é real, eu devo estar dormindo e tem outra turma na sala real!
- ...brasileira. Então, a gente...
Vamos ! Eu não consigo! Meu casaco não está comigo! Isso não pode ser real!
- ...dois...
Deus, eu vou gritar aqui e vou atrapalhar a aula! Que pesadelo escroto, nem essa minha amiga eu conheço de verdade!
- ...continua isso na próxima aula, tá ok?
Isso!
- um...
- Chamada!

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