Lagoa Rodrigo de Freitas. Eu tomava parte na escolta da embaixadora inglesa em visita à cidade. Voávamos de helicóptero. O plano era descermos numa pequena praia à beira da Lagoa, onde uma lancha estaria esperando. Ao nos aproximarmos, percebemos que a lancha estava ligeiramente atrasada. Pousamos. Havia banhistas na pequena enseada que dificultavam a aproximação da lancha. A lancha então avançou de proa sobre a areia. Antes da embaixadora, cumpria que embarcássemos uma grande caixa, talvez um caixão mortuário, não sei. Foram feitas várias tentativas, e, aos poucos, conseguia-se algum progresso. Foi então que a embaixadora cansou-se de esperar e resolveu, para desespero do corpo de segurança, ir andando pela ciclovia até o local de sua reunião. Ela insistia que queria ir sozinha. Acompanhamos ela de longe até o lugar combinado, tudo parecia ter corrido bem. Algumas horas mais tarde, a embaixadora havia sumido! Do local da reunião, ligavam-nos dizendo que ela nunca havia aparecido por lá. Havíamos perdido a embaixadora inglesa: uma ca-ga-da!! Saiu em todos os jornais. No dia seguinte, no entanto, a cena se repetiu. Como se nada houvesse acontecido, e sem nenhuma notícia do reaparecimento da embaixadora, o mesmo helicóptero (que era fretado por uma empresa de táxi aéreo da própria Lagoa que trabalhava com turismo) apareceu no mesmo horário do dia anterior e pousou sobre a mesma pequena enseada. Dessa vez, no entanto, não houveram atrasos. A lancha avançou de ré sobre a areia da praia facilitando o embarque da caixa ou caixão, no que foi seguida pela embaixadora que chegou segura a sua reunião. A população da cidade, no entanto, até então comovida com o desaparecimento da embaixadora, ficou irada, sentindo-se enganada, passada para trás. Formou-se uma imensa passeata espontânea pela ciclovia. Ao chegarmos ao pier ao lado do qual havia a pequena enseada onde há algumas horas o helicóptero havia pousado, as pessoas foram ficando cada vez mais revoltadas, gritando palavras de ordem. Eu, que usava uma touca multicolorida com uma hélice na ponta, voei sobre o píer incitando a população. Eu sabia que voava por conta de meus próprios poderes especiais, o chapéu funcionando apenas como um adereço estranho que fornecia alguma ‘explicação’ para a população comum. Depois, seguimos pela ciclovia. Eu caminhava na frente da multidão. Num momento em que, avançando, me distanciei um pouco mais da turba, ouvi uma voz atrás de mim. Quando me voltei na direção da voz, percebi que era a embaixadora e sua assistente. A embaixadora usava roupas de coroa-gostosa-que-frequenta-academias. Elas estavam numa pequena fenda na rocha na base de uma montanha da Lagoa. Segui-as. A fenda dava acesso a uma rede de túneis, mas não cheguei a entrar muito no lugar, chamei a embaixadora, dei um gostoso beijo nela, enquanto a segurava pela pélvis com uma das mãos. Então, puxei-a para fora da caverna. A essa altura, a multidão já passava pelo lugar. Joguei a embaixadora na direção da multidão enraivecida. Começaram a linchá-la. Depois de algum tempo assistindo à surra que davam na mulher, fiquei levemente arrependido, considerando sobre o caráter de minha atitude. E avaliando minha própria vaidade e arrogância em julgar a ‘embaixadora’. Senti-me assassino. Acordei.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
sonhado no Rio de Janeiro (julho/2008)
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