quarta-feira, 26 de maio de 2010

sonhado no Rio de Janeiro (outubro, 2004)

...seus olhos brilhavam de fome...ela, enorme que era, vinha em minha direção e por vezes tentou me abocanhar...havia sido escolhido para ser sua próxima refeição...

...estávamos num lago gigantesco, água cristalina, rodeados ao longe por montanhas verdes e porções de terra exalando natureza; pássaros em suas mais belas espécies, davam um espetáculo à parte, com seus vôos magníficos, nos gracejando, nos dando boas vindas. Estava num barco não muito grande, com minha amiga C., filmando toda aquela paisagem encantadora, cada momento que me impressionava. Na outra embarcação, não muito distante dali, estava M., manejando uma câmera profissional, auxiliado por um desconhecido. Podia ver uma luz forte saindo de sua câmera, iluminando à distância a porção de terra mais próxima dali. Foi quando avistei movimentos de animais maiores nesta terra; um grupo de leoas, aparentemente famintas circulavam pelo local. Precisava daquela cena. Avisei a M. que me aproximaria dali para tentar captar imagens melhores. Mas algo estava estranho. Conforme ia me aproximando mais, sentia o barco indo mais rápido, como se alguma correnteza me puxasse. Não sei como, mas C. não estava mais ali naquele momento; era tudo confuso, os felinos estavam tensos, e a esta altura já estavam muito próximos uns dos outros. Uma fumaça de terra levantada pelos mesmos deixava a imagem o menos nítida possível e, foi nessa hora que percebi que a tal correnteza me levava a um precipício. Teria que pensar rápido, pois o fim da linha estava muito próximo e, minhas opções muito escassas. Determinado momento, percebi que o barco batia com seu fundo em possíveis pedras; estava numa parte rasa, tentei guiar a embarcação para a esquerda, onde percebi que a maioria das pedras estavam. A esta altura, avistei um rochedo próximo ao precipício e, pouco mais para a direita do precipício, estavam os felinos alvoroçados, famintos talvez; ainda não conseguia ver o que eles faziam. Saltei do barco e auxiliado pelas pedras pude guiar-me até o rochedo. Subi até a parte menos baixa, apenas para não ser levado pela correnteza, e ali me estabilizei. Vi, com angústia, meu barco indo precipício abaixo, não tinha noção de sua altura, sabia apenas que seria mortal. Não tinha mais minha câmera, não sabia onde estava C., não sabia como encontraria a outra embarcação e muito menos como sairia dali. Porém, algo muito mais expressivo me tomou o olhar no momento...a poeira que se abaixava e algo que tentava sair dentre os leões; um filhote ou algum animal capturado, ou uma zebra desesperada. Uma presa fácil para aquele bando de selvagens, carnívoros imperdoáveis...por alguns segundos, de quando em quando, podia ver a pequena zebra erguer sua cabeça, tentar se desvencilhar da garras garras ferozes e da fome dos felinos... Olhava para mim, a meia distância, suplicando por ajuda e, eu que achava que estava em situação difícil, agora percebia que ela não duraria mais que alguns segundos; e realmente não durou. Por algum tempo fiquei com aquela cena em mente. Na melhor filmagem mental de todos os tempos. Estava pasmo. Algo me dizia que o pior ainda estaria por vir. Aqueles felinos gigantes não estavam satisfeitos, queriam mais, queriam algo diferente, queriam a mim. A leoa, provavelmente a rainha daqueles seres enormes olhou por alguns momentos em minha direção. Ela parecia maior que antes, muito maior. Talvez ela quisesse agora alimentar seus filhotes, talvez, quisesse apenas a sobremesa. Mas aproximou-se e, como nunca imaginaria, vi aquele felino crescer, tomar proporções assustadoras, tornar-se uma montanha de dentes afiados diante da impossibilidade de me mover. Rugia fortemente, enquanto sua família só observava. Tentou por vezes me alcançar com sua enorme pata, não iria desistir. Minha sensação era a pior possível, talvez, se tivesse continuado no barco, teria tido uma queda livre mais alucinante, talvez tivesse ido parar em algum paraíso de animais menos truculentos ou diria, menos famintos. Agorava por alguns últimos instantes de vida, quando algo sobrevoou o lugar que estava. Olhei para cima e vi um algo tipo um dirigível, um grande balão; uma corda extensa sendo arremessada para baixo e pessoas gritando. Parecia um sonho aquilo; poder sair dali? Quem poderia tentar me salvar, ou conhecer meu paradeiro naquele momento? Não quis saber, esperei o máximo que pude, contive-me com todas minhas energias, encolhendo-me naquele pequeno pedaço de salvação, até que a corda veio e, sem pensar, saltei a segurá-la com unhas e dentes, literalmente. Estava fraco, com medo, mas a salvo. Puxaram-me até onde estavam, meus amigos, C., M. e algumas outras pessoas que não recordo. Lembro-me apenas de falarem para não respirar ali, para entrar junto com os outros com a cabeça dentro de um compartimento especial de respiração; tudo havia saído bem ...

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