quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sonhado em São José do Hortêncio - RS (abril, 2010)

A Guerra

Eu estava junto de vários soldados brasileiros. Eu era um deles também. Estávamos na guerra, aguardando uma batalha. Todos estavam preocupados e aflitos, pois o inimigo estava a caminho. Estávamos no meio da II Guerra Mundial aliados aos EUA. Eu não sabia quem era o inimigo para quem nos preparávamos. Possivelmente os alemães. De qualquer jeito eu estava com muito medo. Eu olhava para os soldados ao meu redor e não via ninguém conhecido. Mas em todos eu via a conhecida face do medo. Todos pareciam já conhecer o inimigo e o temiam muito.

O lugar

O lugar onde aguardávamos a batalha era uma base militar construída a poucos dias antes. O local era grande e aberto, dava para ver o céu cinzento coberto de nuvens cinzentas e a terra vermelha e molhada por onde as máquinas que limparam o local haviam passado. Ao redor havia uma grande floresta, de vários quilômetros de extensão, possivelmente a Amazônia. Na base militar havia várias construções militares e depósitos enormes. Uma área aberta com possíveis 500.000m2 no coração da floresta.

A preparação

Todos já estavam apostos. Pareciam já saber de que lado da floresta o inimigo viria. Logo procurei um lugar para mim de onde eu estivesse protegido e pudesse atacar. Deitei-me atrás de um barranco e apoiei minha metralhadora por cima dele, como numa trincheira. Estava pronto para atirar.

O ataque

Logo ouvimos barulhos vindos da floresta 250m à frente. Segurei firme minha metralhadora e apontei para a floresta. Eram eles! Os inimigos eram soldados alemães. Usavam fardas e armas muito avançadas para aquela época. Estavam equipados como os soldados norte-americanos na guerra do Iraque. Porém algo estranho estava acontecendo. Ninguém atirava. Olhei para o lado e os soldados estavam com os braços levantados. Estavam se rendendo. Fiquei muito irritado com isso, porém logo entendi o porquê quando olhei para a floresta ao redor e vi que eles saíam de todos os lados da floresta. Os alemães haviam nos cercado sem que ninguém percebesse eles chegando.

Os prisioneiros

Os alemães deviam ser cinco vezes o nosso número. Logo todos os soldados brasileiros estavam sendo trancados nos enormes depósitos. Seríamos prisioneiros de guerra deles. Eu sabia da possibilidade deles nos matarem com gás dentro daqueles depósitos. Então, numa tentativa desesperada de sair antes que fechassem as enormes portas, eu fui ao encontro do soldado alemão que estava fechando a porta e disse: “Por favor, ao menos deixe eu me despedir da minha família”. Ele nem olhou para mim. Parecia ter ignorado o que eu falei, mas me deixou sair.

Uma chance

Assim que saí do enorme depósito percebi que todos os soldados alemães estavam tão ocupados e atarefados – possivelmente planejando o próximo ataque – que não me viram saindo. Eles pareciam conhecer aquele local, pois estavam muito bem organizados. Logo percebi que o uniforme deles era muito parecido com o que eu havia ganhado, com exceção do capacete e do brasão de armas preso a minha roupa. Rapidamente arranquei o brasão da minha roupa e o joguei num valo junto com meu capacete. Agora eu tinha uma pequena chance de sobreviver. Eu planejava passar despercebido por meio dos alemães que ali se encontravam e mais tarde me infiltrar no grupo deles.

Frieza

Eu caminhava no meio dos soldados alemães. Todos tinham tarefas a concluir. Alguns me olhavam estranho e outros nem me percebiam. Logo a frente um general que supervisiona as atividades dos soldados me viu e olhou irritado. Minha esperança era manter a calma e torcer para que ele não tivesse me reconhecido como soldado brasileiro. Ele veio em minha direção e disse: “Que esta seja a última vez que você perde seu brasão.” Ele olhou para um baú ao lado e retirou um botão de ferro no o formato da suástica, de cor preta com a borda prateada. Em seguida o prendeu na minha roupa e ordenou para que eu continuasse meus afazeres. Ele havia me confundido com um soldado alemão. Imediatamente fiquei aliviado, pois agora eu teria grandes chances de me infiltrar. Logo continuei caminhando sem saber ao certo para onde ir e o que procurar.

Amigo

Minha caminhada me levou a um tipo de celeiro. Lá vi que alguém estava tentando se esconder. Corri para dentro e para minha surpresa encontrei meu amigo Carlos. Ele disse ter se escondido dos alemães quando eles chegaram, pois sabia que poderia morrer nos depósitos onde os outros soldados estavam presos. Senti-me muito aliviado em ter a ajuda do meu amigo. Agora eu tinha fé de que tudo daria certo.

Confiança

Na saída do celeiro um sargento e um soldado alemão nos viram. O Carlos ainda estava com roupas de soldado brasileiro. Olhei para o Carlos e disse: “Fica tranqüilo eu tenho uma idéia”. Joguei o Carlos no chão e o levantei pela gola da farda bruscamente olhando para eles. O sargento de uns 50 anos, olho azul claro, veio em minha direção e disse: “Dê a ele o que ele merece!”. Levei meu amigo para trás de um muro de concreto e fingi estar chutando ele. O sargento já ia embora quando o soldado desconfiou da minha cena e veio para olhar atrás do muro. Quando o soldado alemão saiu da visão do sargento atrás do muro, o Carlos pegou-o e começou a encher de socos. Enquanto isso eu fingia que o soldado alemão batia no Carlos. O Carlos só parou quando o soldado alemão ficou desacordado. O sargento vendo que seu soldado não saiu de trás do muro veio em minha direção para olhar o que aconteceu. Tentei enrolar ele, mas não consegui. Ele passou reto por mim e quando chegou atrás do muro viu um soldado desacordado com farda brasileira deitado de bruços com o rosto enfiado na lama da terra vermelha. O sargento olhou para o outro soldado e este com a farda alemã, estava de costas caminhando na outra direção. O sargento caiu no truque! Carlos havia trocado de roupa com o soldado alemão. O sargento se virou para mim com uma expressão de confiança e de “bom trabalho soldado” e foi embora.

Infiltrados

Assim que o sargento se foi atirei no soldado alemão deitado no chão para matá-lo. O Carlos veio em minha direção sorrindo. Naquele momento eu estava aliviado, pois sabia de que tudo daria certo daí para frente. Agora éramos dois infiltrados e eu sabia que tínhamos plenas condições de decidir aquela guerra. Tudo era uma questão de tempo para os alemães caírem. Um sentimento de orgulho e confiança tomou conta de mim.

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